terça-feira, 27 de março de 2018

O Edifício Trianon




Fotografias de Clóvis Campêlo / 2018

O EDIFÍCIO TRIANON

Clóvis Campêlo

Consta que o prédio foi inaugurado em 1945.
Segundo a página Prédios do Recife, do Facebook, o prédio é um dos marcos da arquitetura moderna dos anos 30, o que nos leva a supor que é deste período o seu projeto. No edifício, até 1990, funcionou o Cinema Trianon do Grupo Art Filmes.
A concepção do edifício seguiu o princípio de prédios de uso misto como o Cinema Ipiranga/Hotel Excelsior em São Paulo, abrigando escritórios, consultórios e o cinema homônimo no térreo.
Ainda segundo a mesma página, a fachada da esquina com a Avenida Guararapes e Rua do Sol é marcada por uma grande reentrância curva, completada por marcações de pestanas de concreto entre seus pavimentos. O projeto original previa apenas quatro pavimentos, depois ampliado para sete. O cinema abrigava 611 lugares e a sua área era coberta com tesouras em concreto e telhas cerâmicas.
A edificação está inserida no polígono de tombamento dos bairros São José e Santo Antônio, pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
Em 2012, no seu blog, Maria Helena do Nascimento, a Cidadã Repórter, já reclamava da situação de abondono do prédio: “O outrora famoso Edifício Trianon, um dos mais bonitos cartões postais da capital pernambucana, transformou-se em uma velha e feia carcaça sem portas e janelas, um prédio catacumba localizado na Avenida Guararapes esquina com a Rua do Sol, área central do Recife”.
Hoje, a situação não é muito diferente. O prédio continua abandonado e nem mesmo serve mais para os camarotes do Galo da Madrugada durante o carnaval, haja visto que a agremiação mudou o seu itinerário durante os festejos de Momo.
Os grandes médicos recifenses dos anos 60 e 70 tinham no prédio os seus consultórios. Lembro do doutor Ernani Bérgamo, otorrino famoso na época e que tinha na sua sala um impressionante gabinete entalhado em jacarandá da Bahia. Da janela do consultório tinha-se uma visão privilegiada do Capibaribe e do famoso Quem-me-Quer, como eram chamadas naquela época as calçadas que circundavam o rio. Na margem oposta, ao lado do Cinema São Luiz, a famosa sorveteria Gemba.
No Cinema Trianon, tive o privilégio de assistir a alguns dos grandes filmes da época, como 2001, uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick, e o filme original do Planeta dos Macacos, Charlton Heston, baseado no romance de Pierre Boulle.
Como podemos observar pelas fotografias acima, o abandono do prédio não é um fato isolado. Reflete a perda da importância de toda aquela área, abandonada pelo poder público e pela iniciativa privada.
Como já disse o poeta, a grana ergue e destrói coisas belas. O Edifício Trianon e todo o seu entorno perderam importância depois do surgimento de outras áreas e concepções de comércio na cidade, como por exemplo a construção dos grandes shoppings center.
O centro histórico do Recife hoje está entregue ao comércio informal, aos pequenos comerciantes e às casas do jogo do bicho, atividade que é considerada contravenção mas que se mantém por garantir o emprego de milhares de pessoas. 

3 comentários:

  1. Publico, às 22h30, no Blog: www.robsonsampaio.com.br. A coluna Cidades Online, no domingo (Teatro da Vida/Causos – Frases – Poesias e notícias). Divulguem e mandem notas, artigos e denúncias para o e-mail: rsampaioblog@gmail.com. Abs e obg.

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  2. Muito boa a reportagem do Edf.Triano, velho tempos, grandes recordações.
    Gostaria de saber ou alguém sabe o nome da cafeteria que funcionava no térreo, anos 60 e 70; que por sinal o café era maravilhoso e muita gente ficava em pé batendo papo.

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  3. Que vendia a famosa "cartola" de banana com queijo e canela.
    Seu nome tb não recordo.

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