terça-feira, 10 de abril de 2018

A Casa de Banhos


A CASA DE BANHOS

Leonardo Dantas Silva

A Casa de Banhos era uma casa que ficava no dique natural do Porto do Recife, em Pernambuco, onde atualmente se encontra o Parque das Esculturas de Francisco Brennand e o Farol do Recife.
Foi construída em 1880 por Carlos José de Medeiros, próximo a antiga Ponte Giratória e no início do Século XX foi bastante frequentada pela sociedade recifense, que para ali se dirigia para tomar banho salgado em suas piscinas naturais.
A autorização inicial de construção, dada pelo governo, foi para a construção de uma residência sobre o dique.
Algum tempo depois, o proprietário iniciou sua exploração comercial, transformando-a em uma hospedaria, considerada para fins medicinais. Seu nome oficial era Grande Estabelecimento Balneário de Pernambuco, nome este que não caiu no gosto do povo, que a chamou de Casa de Banhos.
Em 1902, possuía cinco banheiros, que permitiam o uso simultâneo de 350 pessoas, 102 compartimentos próprios para a toilette dos banhistas, um grande salão de refeições, duas salas, um gabinete de leitura e outras dependências. Um sistema de proteção feito com cabos de aço contornava a piscina e impedia os banhistas caíssem no mar. A Casa de Banhos propriamente dita consistia numa edificação de madeira, onde funcionavam um bar e restaurante.[2]
Os proprietários moravam numa dependência do próprio estabelecimento, até mesmo depois da morte do Sr. Medeiros, que chegou a ter uma filha nascida naquele local. Logo após o estabelecimento foi adquirido pelo inglês Sydney Rodhes, que modificou suas instalações e aumentou o preço cobrado pelos banhos. Isso fez com que o Governo de Pernambuco modificasse sua tabela de preços, tornando obrigatório o banho gratuito de 5 doentes da Santa Casa de Misericórdia por dia.
Em 1920 a Casa de banhos foi destruída por um incêndio.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Bajado


BAJADO

Regina Coeli Viera Machado

Euclides Francisco Amâncio, artista plástico, chargista, letreirista, cartazista, pintor de quadros e murais, conhecido mundialmente como Bajado, nasceu no dia 9 de dezembro de 1912, no município de Maraial, no Estado de Pernambuco.
O apelido Bajado surgiu na infância por causa de uma brincadeira, durante um jogo de bicho, seu passatempo preferido.
Bajado mudou-se para Catende, outro município pernambucano, ainda adolescente, indo trabalhar como ajudante e pintor de cartazes de filmes de faroeste, onde ficou até 1930.
Quatro anos depois, foi morar no Recife, onde arranjou um emprego como letreirista de cartazes e operador de máquina do Cine Olinda, função que exerceu até 1950.
Nas horas vagas pintava letreiros, fachadas e interiores de lojas comerciais, restaurantes e botequins, ornamentando-os com figuras ou compondo painéis e quadros.
O artista prestou uma grande homenagem ao bloco carnavalescoDonzelinhos dos Milagres que estava encerrando, para sempre, os seus festejos de carnaval, pintando na parede de sua sede os versos: "O mar que levou a praia, levou também Donzelinhos."
O gosto pela arte se manifestou quando Bajado retratou os clubes carnavalescos de Olinda, Pernambuco, Pitombeira dos Quatro Cantos, Elefante,O Homem da Meia-Noite, Cariri, Vassourinhas, assim como o frevo rasgado na Ribeira, Largo do Amparo, Varadouro, Praça do Carmo.
Em 1964, junto com alguns amigos de profissão, inaugurou o Movimento de Arte da Ribeira, em Olinda, onde passou a expor seus trabalhos.
Dentre uma mistura de cores e tintas, Bajado foi capaz de reproduzir inúmeras telas sobre a vida cotidiana, o sofrimento, as emoções e a cultura do povo pernambucano.
O artista possuía um temperamento calmo e brincalhão. Fluiu na arte, com a simplicidade de um homem humilde. Era considerado um artista primitivo, inserido no estilo da arte contemporânea. Sua tendência artística era a liberdade de estética, comum na arte moderna, e suas obras retratavam tanto os folguedos carnavalescos, como também reverenciavam políticos e personalidades ilustres da sociedade pernambucana: Agamenon Magalhães, o presidente Jânio Quadros, o general Teixeira Lott, entre outros.
Na década de 1970, um turista italiano, Giuseppe Baccaro, ao ver as suas pinturas e quadros a óleo expostos nas residências e estabelecimentos comerciais de Olinda, ficou impressionado diante do primitivismo artístico do pintor que assinava da seguinte maneira as suas obras: "Bajado um artista de Olinda". Contactando-o, lançou-se como divulgador e administrador dos seus trabalhos.
Em decorrência disso, alguns meses depois, começaram a aparecer as suas primeiras exposições e mostras no Recife, na Casa da Cultura, na Fundação Joaquim Nabuco, na Caixa Econômica Federal, no Lions Club, no Cabanga Iate Clube.
Novas oportunidades continuaram a surgir, desta vez para o artista expor em outras capitais brasileiras como o Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Vitória. Do exterior, Bajado recebeu vários convites para ir apresentar as suas obras. Neste sentido, iniciou pela França uma maratona artística, passando pela Itália, Espanha, Holanda e Tchecoslováquia, atual República Tcheca.
Em 1994, no limiar dos 80 anos, Bajado foi homenageado com uma mostra internacional na sede da Unesco, em Paris, com a participação de diversos artistas internacionais.
Contido, apesar da sua fama e do seu talento artístico, ele sempre viveu humildemente. Tinha como o maior prazer da vida a expressão da sua arte primitiva, a alegria do seu povo.
Bajado passou seus últimos dias assistindo filmes antigos na televisão e recordando as peripécias da sua mocidade. O artista plástico, faleceu em 1996, aos 84 anos de idade, em sua residência localizada na Rua do Amparo, nº 186, Olinda, imóvel este que lhe foi doado por Baccaro, o seu marchand italiano.


Fonte: Site da Fundaj

segunda-feira, 2 de abril de 2018

O maestro Nelson Ferreira


O MAESTRO NELSON FERREIRA

Clóvis Campêlo

A cidade do Bonito fica a 136 quilômetros do Recife, no agreste pernambucano. Com menos de 40 mil habitantes, é uma cidade pacata instalada numa bela região repleta de cachoeiras e quedas d'água. Pois bem! Foi nesse lugar aprazível que nasceu o maestro Nelson Ferreira, em 9 de dezembro de 1902.
Segundo a Wikipédia, Nelson Ferreira era filho de um violonista vendedor de jóias e de uma professora primária. Aprendeu a tocar violão, violino e piano. Fez sua primeira composição aos catorze anos, a valsa Vitória, sob encomenda.
Tocou em pensões, cafés e saraus e nos cinemas Royal e Moderno, no Recife, sendo considerado o pianista mais ouvido na época do cinema mudo.
Foi diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco, convidado por Oscar Moreira Pinto. Também Diretor artístico da Fábrica de Discos Rozenblit, selo Mocambo, única gravadora de discos instalada nos anos 1950 fora do eixo Rio/São Paulo. Estudou no Grupo Escolar João Barbalho - Recife/PE. Maestro, formou uma orquestra de frevos cuja fama percorreu todo o Brasil.
Quem pensa, porém, que Nelson Ferreira era apenas um compositor de frevo se engana. Tendo de sua autoria composições de vários ritmos e estilos, como foxtrote, tango, canção, no entanto, especializou-se e foi conhecido no Brasil como compositor de frevos. Nelson Ferreira faleceu no Recife, em 21 de dezembro de 1976.
Sobre ele assim se expressou Isabelle Barros, no site Uai: “Há quarenta anos, a música de Pernambuco ficou em tom menor. Em 1976, o maestro Nelson Ferreira morreu e levou com ele um talento musical prodigioso, que deu origem a cerca de 600 composições, entre eles frevos ouvidos até hoje nas ruas, casas e clubes. Se nomes como Felinto, Pedro Salgado, Guilherme e Fenelon ainda são lembrados, é por causa dele e de sua composição mais famosa, Evocação nº 1. No entanto, a importância de Nelson Ferreira não se resume às suas composições e ao seu talento como pianista e arranjador - como se isso fosse pouco. Ele foi o responsável por revelar talentos e desbravar um espaço novo para a música pernambucana como diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco e da Fábrica de Discos Rozenblit. Na primeira, impulsionou carreiras como a de Sivuca (1930-2006), que ficou grato a Nelson até o fim de sua vida, e, na segunda, gravou frevos que não estariam registrados se não fossem pela sua ligação umbilical com a música pernambucana”.
E ainda: “Nos últimos anos de vida, Nelson se preocupava com os destinos da música local. Ao se aposentar da Rádio Clube, em 1968, montou a Orquestra Nelson Ferreira, mas a concorrência com a música vinda do Sudeste, especialmente o samba, e a crise da Rozenblit, debilitada após sucessivas enchentes que danificaram suas instalações, não lhe eram favoráveis. Mesmo assim, se manteve ativo, compondo e à frente de sua orquestra até pouco tempo antes de falecer. Em 21 de dezembro de 1976, foi a vez de Nelson ser alvo de evocações e homenagens. No cortejo para seu enterro, compareceram mais de duas mil pessoas. Entre elas, Evocação nº 1, sua ode ao Recife e ao Carnaval”.

domingo, 1 de abril de 2018

Ramón, nosso grande artilheiro


RAMÓN, NOSSO GRANDE ARTILHEIRO

Clóvis Campêlo

Amigos corais, o dia 12 de março não marca apenas os aniversários das cidades de Olinda e Recife. Foi em 12 de março de 1950 que Ramón da Silva Ramos nasceu na cidade de Sirinhaém, na zona da mata sul de Pernambuco. Portanto, dias atrás o nosso grande artilheiro completou 68 anos de idade.
Segundo a Wikipédia, Ramón iniciou a sua carreira futebolista no time da usina Trapiche, local onde trabalhava. Quem treinava o time da usina era Dario, um ex-jogador do América e do Sport e que posteriormente se tornaria técnico da base do Santa Cruz. Foi ele quem levou Ramón para as Repúblicas Independentes do Arruda e lhe deu a oportunidade de jogar no juvenil. Não demorou para que ele fosse promovido para a equipe profissional como um dos destaques do elenco.
Aliás, em 1969 o Santa Cruz começou a escalada do pentacampeonato estadual, e Ramós já despontava jogando na equipe de aspirantes. Nesse mesmo, o técnico Gradim resolveu aproveitá-lo no time de cima. Mas foi o treinador Duque que o efetivou definitivamente como titular. Rapidamente Ramón ganhou notoriedade na equipe principal, contribuindo decisivamente na conquista do pentacampeonato pernambucano (1969 a 1973) e principalmente pela sua atuação no campeonato brasileiro de 1973, quando foi o artilheiro da competição com 21 gols marcados.
Em 1975, saiu do santa Cruz para ir jogar no Internacional, de Porto Alegre. No Santinha, marcou 148 gols em 377 jogos disputados, ainda segundo a Wikipédia.
Chegou a ser incluído entre os 40 selecionados pelo técnico Zagallo para o Mundial de 1974, na Alemanha, mas uma contusão muscular lhe tirou qualquer chance de concorrer à vaga, pois a recuperação foi longa.
Em 1983, antes de encerrar a sua carreira como jogador, ainda voltou ao Santa Cruz, tendo a sua volta ao clube coral merecido uma matéria na revista Placar. Hoje, vive no Recife e trabalha como treinador nas equipes de base do Santinha.
Segundo o jornalista Cassio Zirpoli, em matéria publicada no seu blo no Diario de Pernambuco, em 12 de março do ano passado, Ramós é o 3º maior goleador da história coral, só ficando abaixo de Tará e Luciano Veloso. Este, aliás, tornou-se um amigo, companhia constante nas cadeiras pretas do Mundão, onde ainda acompanha o Santa, 50 anos depois e já como conselheiro.
Segundo matéria assinada pelos jornalistas Rogério Micheletti e Gustavo Grohmann, no site Terceiro Tempo, em 1976, antes de se transferir para o Vasco, o ex-centroavante teve uma rápida passagem pelo Inter de Porto Alegre (RS), onde atuou ao lado de craques como o goleiro Manga, Elias Figueroa e Falcão. Logo depois foi para o Sport e do time pernambucano foi negociado com o Vasco da Gama. Ramon também passou pelo Goiás, de 1979 a 81, Ceará, em 1981 e 82, São José, em 1983, Ferroviário, em 1984, e Brasília, em 1985, quando encerrou a carreira. Ramon é casado, tem cinco filhos e sete netos.
Ainda segundo a matéria acima citada, após se tornar o artilheiro do campeonato nacional, o Jóquei Clube de Pernambuco, através de seu presidente Sadoc Souto Maior, decidiu homenagear o centroavante Ramon. Foi-se, então, realizado o Grande Prêmio Ramón. E ainda: em homenagem ao pentacampeonato, conquistado por Ramon e seus companheiros, os irmãos Valença, autores do hino oficial do Santa Cruz, compuseram o frevo "O papa-taças" ("Quem é que quando joga a poeira se levanta? É o Santa! É o Santa!").
Um sucesso que Ramón mereceu, com certeza.